Usar transporte público em Porto Alegre deixou de ser motivo de tensão nos últimos anos. Comparando-se os meses de outubro dos últimos oito anos, os assaltos dentro de ônibus caíram 90% na cidade: de 50 em outubro de 2016 para cinco no mesmo período deste ano. As forças de segurança atribuem a queda a diferentes fatores, como a criação de uma força- tarefa para combater os casos e a menor circulação de pessoas e de dinheiro vivo nos ônibus.

Conforme levantamento da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), a queda é verificada desde 2016. No acumulado desses anos, a retração também é verificada. De janeiro a dezembro de 2016, foram 915 ocorrências. No mesmo período de 2022, o número despencou para 40 casos, uma queda de 95%.

Fórum

Um dos fatores que teriam contribuído para a queda significativa é a criação do Fórum Transporte Seguro, em 2016. A entidade foi idealizada para combater os episódios de violência nos ônibus e é formada por integrantes de EPTC, Brigada Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal, empresas de ônibus e outros grupos ligados ao transporte coletivo. A equipe faz reuniões mensais, para debater os números e pensar ações integradas para manter a queda.

– Todo esse trabalho foi desenvolvido em conjunto, passou pela mão de diferentes instituições, engajadas no mesmo objetivo, que estão diretamente no fronte fazendo repressão e abordagens diárias nos coletivos – avalia o coordenador do Fórum, Adailton Maia.

No RS, os números também tiveram queda, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado. Em outubro deste ano foram 26 roubos no transporte coletivo em todo o RS, 13 a menos do que no mesmo período do ano passado, o que representa uma queda de 33%.

DP especializada e PMs a bordo são parte das ações

Em 2019, uma força-tarefa da Polícia Civil ganhou peso e se transformou na Delegacia de Polícia Especializada de Repressão a Roubos em Transporte Coletivo (DRTC), que atua na Capital com recursos próprios. Para o titular da DRTC, delegado Daniel Ribeiro, outro ganho foi a instalação de câmeras nos veículos. Elas ajudam a identificar ladrões, coíbem delitos e trazem sensação de segurança aos passageiros.

A circulação de dinheiro vivo diminuiu dentro dos coletivos – já que a maioria da população paga as passagens com cartões como o TRI -, mas o celular segue como alvo comum de criminosos. Nesse sentido, a polícia orienta usuários a tomarem cuidado com objetos pessoais. Segundo o delegado, outra iniciativa da DRTC são palestras em que a tripulação dos coletivos é orientada sobre a ação de criminosos.

– Em relação à atuação da Polícia Civil, reforçamos o trabalho de investigação sobre os episódios, o que leva à prisão dos envolvidos – destaca o delegado Ribeiro.

Dentre as ações desenvolvidas pela Brigada Militar, o policiamento dentro dos veículos é apreciado por motoristas, cobradores e passageiros. Os PMs passam por terminais e paradas e conversam com a tripulação, monitorando possível atividade criminosa.

Fatores

À frente do Comando de Policiamento da Capital, o coronel Luciano Moritz destaca que essas ações são feitas diariamente. Ele atribui a queda nos números a fatores como trabalho de inteligência policial, reuniões entre instituições para tratar do tema e a introdução de formas alternativas de pagamento de passagem.

O coronel ressalta ainda a importância do registro de ocorrências, seja de roubos consumados ou de atitudes suspeitas:

– É o boletim de ocorrência que vai apontar, aos órgãos de segurança pública, os locais onde os crimes vêm ocorrendo.

Fonte: Zero Hora