Os veículos elétricos estão no imaginário das pessoas como a principal fonte de energia para os sistemas de transportes nas próximas décadas. Eles são sinônimo de alta tecnologia, da engenharia moderna e “emissões zero”.

De todos os modos de transportes, o maior poluidor é o automóvel, com mais de 60% de participação nas emissões, fruto do uso de combustível fóssil. Um ponto favorável dos motores elétricos em relação aos de combustão é o rendimento. Enquanto o motor elétrico tem um rendimento de 90%, os de combustão chegam no máximo a 40%. Mas, os veículos elétricos ainda têm um grande caminho a ser percorrido e que não está nem um pouco pavimentado.

O primeiro desafio é o custo de aquisição. Tanto nos carros de passeios como ônibus e caminhões, o preço de compra pode chegar ao dobro dos movidos a combustível fóssil. O segundo desafio está na produção e reaproveitamento das baterias.

Estudos recentes da Universidade da Cologne, Alemanha, apontam que a extração do lítio, cobalto e manganês para a produção de baterias consome um alto nível de energia. Por fim, o questionamento recai sobre o tipo de fonte de energia que está carregando as baterias.

Não tem nenhum sentido estarmos circulando com veículo elétrico se a fonte geradora é uma usina a carvão mineral, colocando em dúvida a principal mensagem dos veículos elétricos, a de “zero de emissões”.

Mas a principal pergunta feita por muitos analistas é: “Teremos energia renovável e limpa suficiente para carregar as baterias dos veículos elétricos?” Dentro da cadeia dos combustíveis fósseis, o gás natural vem se mostrando o mais atraente e muito menos poluente, pois contém grandes reservas e baixo custo de extração.

Já para os fãs do Dr. Emmett Brown, do filme “De volta para o futuro”, onde o famoso veículo “máquina do tempo” era abastecido com o lixo das residências, o Biogás é a solução de combustível para o futuro.

A geração do gás ocorre a partir de materiais orgânicos com até 70% de umidade e talvez se mostre em poucos anos uma boa alternativa.

Provavelmente, nenhuma das opções descritas terá supremacia total na matriz enérgica dos transportes nos próximos anos. Talvez estejamos presenciando um momento de transição e de teste de diversas tecnologias, o que dará tempo suficiente para a maturação e desenvolvimento completo da célula de hidrogênio. Este, sim, tem todos os atributos para se tornar o combustível dominante no futuro.

Por Antônio Augusto Lovatto – Engenheiro de transporte